Cubatão: 20 mil operários de empreiteiras em greve a partir de segunda-feira
sexta-feira, 11 de maio de 2012Cerca de 20 mil trabalhadores de empresas terceirizadas do polo industrial cubatense estão envolvidos na campanha salarial.
Com o auditório completamente lotado, além da calçada e parte da rua tomada, os trabalhadores das empreiteiras que operam no polo industrial de Cubatão rejeitaram a primeira contraproposta patronal para a data-base de maio.
A reunião foi na subsede do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial e o índice de reajuste salarial recusado foi de 7,47%. A categoria reivindica reposição pelo INPC mais 5% de aumento real, algo em torno de 10%.
O presidente do Sintracomos, Macaé Marcos Braz de Oliveira, abriu a assembleia informando o resultado da negociação que manteve com as empreiteiras, na manhã de terça-feira (8). “O que ouvimos foi apenas ‘não’, ‘não’ e ‘não’”.
“Ao fim da negociação, avisei aos representantes das empresas que a nossa resposta também seria um grande ‘não’, com a casa cheia, como está agora”, disse ele, com aplausos de centenas de homens gritando ‘não’, ao mesmo tempo.
“A chapa vai esquentar”, disse Macaé, anunciando nova negociação com as empreiteiras, na manhã de sexta-feira (11). Também na sexta (11), às 18 horas, ele presidirá nova assembleia, para avaliar possível contraproposta das empresas.
Cerca de 20 mil trabalhadores de empresas terceirizadas do polo industrial cubatense estão envolvidos na campanha salarial, com exceção da Usiminas, onde a data-base é agosto, para cerca 6 mil operários.
“O que queremos não é nada do outro mundo”, avalia Macaé. “O Brasil está em franco desenvolvimento, a construção civil bomba e os empresários não têm do que reclamar”.
Choradeira
Ele reclama que “a choradeira dos empregadores é a mesma de sempre. Dizem que a montagem e manutenção industrial não dão dinheiro e que as dificuldades são enormes”.
“Se fosse assim”, pergunta, “por que estariam eles no setor? Para perder dinheiro é que não é. Todos sabem que empreiteira é um dos grandes negócios do Brasil”.
“Para nós, isto sim, é que as coisas não andam bem”, lamenta o sindicalista. “Salários defasados, péssimas condições de trabalho, acidentes, mortes, falta de assistência à saúde e outras mazelas”.
Reivindicações
A assembléia desta sexta-feira (11) será na Avenida Joaquim Miguel Couto, 337, Centro, Cubatão. Estas são as reivindicações, aprovadas em assembleia no dia 9 de março.
Correção salarial, em 1º de maio de 2012, pelo INPC dos últimos 12 meses.
Aumento real de 5%.
Pisos de R$ 1.800 (profissionais da construção civil de pequenas e grandes estruturas). R$ 2.600 (profissionais do setor de montagem e manutenção industrial). R$ 1.200 (servente e ajudante geral de ambos os setores).
Vale-café, matinal e vespertino, de R$ 12 por dia trabalhado, nos escritórios e na manutenção.
Salário do encarregado de R$ 16, mais correção do INPC e aumento real de 5%.
Salário do eletricista de manutenção e montagem igual ao do eletricista ‘fc’.
Alterarão de nomenclatura da função de líder para encarregado.
Além da refeição no trabalho, vale-alimentação diário R$ 20, inclusive nos afastamento por doença e férias anuais ou coletivas.
Pagamento integral, aos empregados sem carência do auxílio- enfermidade, de salários, inclusive o 13º, durante o afastamento.
‘Plr’ de R$ 5 mil, em duas parcelas iguais, uma em julho de 2012 e outra na semana anterior ao carnaval. E pagamento, na rescisão, aos demitidos sem justa causa ou a pedido.
Abono de férias igual ao valor das férias normais.
Cursos de qualificação custeados pelas empresas.
Folga, sem prejuízo salarial, no Dia do Trabalhador da Construção, na terceira segunda-feira de outubro. Se houver necessidade de expediente, as horas serão pagas com 100% de acréscimo.
Dispensa do trabalhador na terça-feira de carnaval, sem prejuízo do salário e do ‘dsr’ e sem compensação. Se houver necessidade de expediente, as horas serão pagas com acréscimo de 100%.
Grade salarial das funções.
Pagamento do salário até o último dia útil do mês.
Almir propõe pagamento no dia 5.
Adiantamento salarial de 40% até o dia 15.
Multa diária de 10% sobre o débito de atraso salarial, incluído o 13º.
Na substituição superior a 90 dias, efetivação do substituto no cargo ou função.
Promoção a oficial, em carteira de trabalho, ao meio-oficial na função há mais de 90 dias.
Dispensa do aviso prévio ao trabalhador que conseguir outro emprego ou estiver em vias de obtê-lo.
Plano de saúde hospitalar e bucal integralmente pago pela empresa.
Fim do sistema de trabalho e remuneração por tarefa.
Vale transportes sem custo para o trabalhador.
Convênio com o Sesi.
Garantia das cláusulas vigentes.
Manutenção da data base em 1º de maio.
Exclusão de cláusulas do atual acordo que gerem redução ou supressão de direitos do trabalhador. Entre eles, a jornada de trabalho em turnos ininterruptos de revezamento, com redução do pagamento de 40 horas mensais. Redução do intervalo para alimentação e descanso.
Tolerância para marcação do ponto superior a cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários.
Proporcionalidade no pagamento do adicional de periculosidade.
Aviso-prévio cumprido em casa. Compensação da jornada de trabalho através do banco de horas.
Fonte: Mundo Sindical