Prefeitura de Cubatão volta atrás e suspende proibição nos pátios
segunda-feira, 3 de junho de 2013Após sofrer pressão de vários setores, a Prefeitura de Cubatão voltou atrás e decidiu suspender a medida que proibia os pátios reguladores de funcionarem fora do horário comercial. A regra vigora desde o dia 27 e está suspensa, pelo menos, até amanhã (4), quando uma nova reunião deve acontecer. Com os pátios fechados, os caminhões formaram grandes filas nas rodovias, que só desapareceram no meio da tarde desta terça-feira (28).
A decisão pela suspensão foi tomada durante um encontro entre a prefeitura e diversas autoridades ligadas direta ou indiretamente ao Porto de Santos e às vias que dão acesso ao complexo portuário. Estavam presentes representantes da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Ecovias, Polícia Rodoviária, Conselho de Autoridade Portuária (CAP) e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), entre outros.
A prefeita de Cubatão, Márcia Rosa, explica que a medida só vai ser revogada permanentemente quando houver uma solução definitiva para o problema. “Essa decisão pode ser considerada extrema, mas nós temos que alertar a população sobre o problema dos congestionamentos no municipio. Avançamos bastante na reunião de hoje, e é possível planejar. Nós sabemos que os pátios reguladores que existem hoje na cidade não atendem à demanda que o porto tem hoje. É preciso, imediatamente, outras áreas, de preferência no planalto, para conter esse grande fluxo de caminhões que descem a serra”, explica.
O presidente da Codesp, Renato Barco, também acredita que um novo pátio no planalto contribuiria muito para amenizar o problema do trânsito. “Eu entendo como sendo o ideal. Seria uma coisa muito mais lógica o caminhão vir do planalto já direto para o terminal de destino em Santos ou Guarujá”, conclui.
Também presente na reunião, o vice-diretor da Ciesp, Raul Elias Pinto, diz que os congestionamentos também prejudicam o polo industrial da cidade. “A indústria tem o seu planejamento para o recebimento de matérias-primas, para o escoamento de produtos acabados e troca de turno dos funcionários. Isso tem sido prejudicado por esse excesso de veículos, por uma falha na logística. Outro problema é a segurança, as indústrias petrolíferas trabalham com produtos perigosos, e em um caso de vazamentos ou acidentes, não há como acionar um plano de evacuação, porque as vias estão tomadas de caminhões”, relata.
Os congestionamento nas vias de acesso ao Porto de Santos, no litoral paulista, causaram vários problemas na região. Por volta das 16h, porém, o Sistema Anchieta-Imigrantes voltou a operar normalmente, com a pista norte da Anchieta utilizada para quem segue para São Paulo. O sentido da pista norte havia sido invertido para desafogar a pista sul, de descida. Motoristas de caminhões de carga ficaram parados nas rodovias Cônego Domênico Rangoni e Anchieta desde a madrugada, com dificuldades para chegar aos terminais da maior zona portuária do Brasil.
No trecho de serra da Anchieta, no sentido litoral, há lentidão do km 40 ao km 55. De acordo com informações da Ecovias, concessionária que opera o sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), a rodovia dos Imigrantes também apresenta pontos de lentidão na direção ao litoral. Ainda segundo a Ecovias, não existem mais pontos de congestionamento nas estradas da região, apenas lentidão em alguns trechos isolados.
A lentidão nas estradas ainda é reflexo do decreto da prefeitura de Cubatão, que proibiu os pátios reguladores de funcionarem fora do horário comercial, das 8h às 18h. A regra vigora desde segunda-feira. Com os pátios fechados, os caminhões formaram grandes filas nas rodovias, que começam aos poucos a ser dissipadas.
Para reduzir os transtornos aos usuários, nesta madrugada a Ecovias fechou uma alça de acesso da Anchieta para a Cônego Domênico Rangoni, obrigando os caminhões a seguirem em direção a Santos. Também foi bloqueada, temporariamente, a descida de veículos pela Serra da Anchieta. Estão sendo formadas caixas de caminhões na região do planalto, que serão liberadas conforme a capacidade da Via.
De acordo com a medida tomada pela prefeitura de Cubatão, quem não cumprir a nova regra pode ter as atividades suspensas de 10 a 30 dias ou ter o alvará de funcionamento cassado. Em nota divulgada na segunda, primeiro dia da restrição, a administração do município disse que o problema dos congestionamentos só vai ser amenizado com “solução metropolitana”.
A Ecovias entrou em contato com terminais rodoviários para recomendar o adiamento ou o cancelamento de viagens de ônibus que utilizem a via Anchieta. Segundo a concessionária, não é possível estimar o tempo de viagem do motorista que segue pelas estradas do sistema tanto no sentido litoral como no sentido São Paulo.
Estacionamento na pista
Na madrugada, o trânsito era caótico nas estradas da região. Os caminhões ocupavam faixas e acostamentos das pistas que dão aceso ao porto, tornando impossível a ida de veículos na cidade Cubatão ou na cidade Guarujá. Por volta de 2h30, na rodovia Cônego Domênico Rangoni, próximo da primeira entrada para Cubatão, a pista virou estacionamento improvisado. Os caminhoneiros, parados, dormiram na boleia do veículo mesmo estando no meio da estrada.
O caminhoneiro Hélio Cursino era um dos poucos que estava acordado e muito preocupado com o tráfego. Ele saiu de um terminal no Valongo, em Santos, por volta das 17h, e disse que o trânsito parou por volta das 19h.
“Estou que nem zumbi. Você não dorme, não descansa, a hora vai passando e vou chegar no Guarujá só amanhã pelo jeito”, reclamou.a
Fonte: G1